Pra quem acha que teologia e toda arte criada em torno dela foi coisa do passado, apenas está ignorando todo o seu legado proporcionado em todas as civilizações. Inevitavelmente ela sempre fez parte de minha vida, e em 2006 tive que por a prova meus 4 anos dedicados a um seminário teológico e mais tantos outros de leitura. Fui convidado a participar da elaboração de uma nova versão de um clássico em teologia, feita por James Ussher, um grande teólogo e reformador do século XVII. É uma obra ímpar que conta a história da humanidade usando a Bíblia Sagrada como referência. O livro tem um formato incomum, tipo sanfona, que aberta alcança quase 8 metros de comprimento (4 de cada lado) e pesa mais de 1kg. Fiz toda a edição de arte (foram mais de 300 imagens), toda diagramação, infografia, produção gráfica, mapas, e muitas ilustrações. Algumas foram uma intervenção sobre o trabalho de Gustave Doré. Por fim, conseqüentemente fiz também uma revisão sobre a versão antiga, que infelizmente tinha muitas inconsistências (não por culpa de Ussher) e uma complementação teológica com conteúdo adicional aos temas abordados (muita pesquisa). O editor, Jorge Defanti, tinha vontade de realizar esse projeto há anos e através de João Pedro, que fez a capa e os desenhos 3D, chegaram até a minha pessoa, e acabei entrando nessa muvuca.
A Tábua Cronológica da Bíblia, como era de se esperar, teve muitas dificuldades técnicas, principalmente por ter sido toda produzida aqui em Mato Grosso e com recur$o$ escassos. Uma delas era a diretriz de se usar o texto impresso em toda obra apenas em preto, pois assim as pranchas poderiam ser impressas em outros idiomas sem mais problemas. Curiosamente o único lugar onde isso não ocorreu foi onde esta escrito o nome JESUS, que ficou em branco e vermelho, podendo ser usado assim em qualquer idioma ocidental. Outra dificuldade era o "casamento" das páginas e dobras, que têm que ser coladas a mão. A impressão de todas as pranchas (páginas) teve que ser feita de uma vez, dos 2 lados (usamos duas bi-colores). A produção foi toda na raça mesmo, tive até que ir em uma selaria fotografar o couro usado na capa do livro.
Enfim, suei a camisa e no final de tudo (1 ano), estava fisicamente e psicológicamente um caco. Mas valeu a pena, este livro é até o momento o único no gênero em língua portuguesa e ganhou o 30º Prêmio Clio de História de 2007.
Acho que eu estou me tornando um especialista em abacaxis.
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sábado, 25 de agosto de 2007
Teologia Também é Arte
Postado por
Marcus Lemos
às
7:31 PM
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Marcadores: Editoração, Infografia, Portifólio
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